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Artigo #03

OS DILEMAS DE UM LÍDER #03 - Como conduzir conversas difíceis?

Artigo #03
Liderança Carreira Desafios Gestão Organizações 19.01.2023

Procrastinar ou até mesmo evitar conversas difíceis é algo que acontece com frequência no cotidiano de muitos líderes. Os motivos são os mais variados. Falta de investimento de tempo e preparo em conduzir e lidar com os desdobramentos são alguns bloqueadores de conversas difíceis. Assim muitos líderes, postergam esse momento para os encontros “formais” de avaliação de desempenho, tornando a tarefa ainda mais complicada. Nesse terceiro artigo da série, em coautoria com Vivian Laube, especialista em liderança e comportamento organizacional vamos explorar algumas dicas e técnicas para você não deixar para amanhã o que pode ou deve ser feito hoje!

Eu mesmo, demorei muito tempo para compreender essa temática. Hoje, com uma maior senioridade consigo conduzir essas conversas de forma mais efetiva e regular. Mas continua sendo desafiador! Para novos líderes é muito comum que essa tarefa seja ainda mais assustadora por recém estarem iniciando a sua jornada em gestão de pessoas. Principalmente, por ainda ser um momento de carreira onde ser “aceito” pelos membros de sua equipe, pares e superiores é algo relevante. Por outro lado, ao postergar ou não fazê-las você também sofrerá consequências por negligenciar uma de suas principais atribuições do líder. E aqui se instaura o dilema! Quando, onde e como devo conduzir essas conversas para que os resultados sejam eficazes?

No mesmo sentido a Vivian Laube reforça que a conversa difícil mexe com nossas emoções e nos torna vulneráveis. Entretanto, são o único caminho para mantermos relacionamentos saudáveis. Passamos muito tempo evitando conversas incômodas e pouco tempo nos esforçando em entender as pessoas que vivem e trabalham à nossa volta. Não falamos uns com os outros, mas para os outros, e geralmente, não os escutamos. Embora valorizemos opiniões diferentes em teoria, não somos muito bons em aceitá-las na vida real.

Nos próximos parágrafos a Vivian Laube compartilha conosco uma retrospectiva teórica sobre esse tema e nos brinda com algumas dicas e técnicas.

Cada conversa é uma mistura dos desejos de conexão e controle que são forças entrelaçadas. Estas forças explicam o sentido duplo de cuidar e criticar. Dar conselhos, sugerir mudanças e fazer observações são sinais de cuidado quando vistos através das lentes da conexão. Mas, observados através das lentes de controle, são comentários mordazes que interferem no nosso desejo de administrar a própria vida e os próprios atos, dizendo-nos para fazer as coisas de um jeito diferente do que preferimos. Este é o motivo pelo qual se importar e criticar andam juntos.

Sendo assim uma conversa difícil requer planejamento. Ela não deve ser feita no calor da emoção, mas também não devemos chegar com ela pronta. A conversa inicia primordialmente por uma escuta interna que responda duas perguntas:

 

  1. O que estou pensando sobre o outro ou a situação em questão? Aqui é o momento de observamos nossos pensamentos, que estão repletos de avaliações e julgamentos e transformá-los em um fato observável. Falar sobre o que pensamos é um caminho que irá enviesar naturalmente a conversa para uma disputa de quem está certo e quem está errado. A pessoa que recebe um comentário avaliativo tende a se defender e para de escutar. O cérebro dela a conduz para um mecanismo que chamado luta e fuga.
  2. Quais das minhas necessidades não foram atendidas nesta situação? Nossos pensamentos e sentimentos são sinalizadores das nossas necessidades. O que eu esperava e não aconteceu? Apoio, respeito, consideração, organização, comprometimento... Ao definir claramente as mesmas eu posso propor estratégias em formato de pedido ou combinações.

 

escuta interna, podemos chamar também de auto empatia, auto conexão, como preferirem, é a parte mais relevante em qualquer conversa. Se não sabemos o que sentimos e o que precisamos, tendemos a acusar, culpar, julgar, reclamar sobre o outro. Isso acaba com qualquer possibilidade de conexão.

Após nos escutarmos, estamos prontos para escutar o outro, porque já esvaziamos nossa mente e focamos no que importa. A escuta ativa é algo que pode e deve ser desenvolvido pelas lideranças e aplicada constantemente. Ela requer o mesmo caminho do auto escuta: um olhar distanciado das emoções que foque nas necessidades que o outro está cuidando quando tem determinada atitude ou comportamento.

Escutar o outro ajuda a fazer com que o outro escute você.

 

Resumo das dicas sobre o dilema:

1 - Desconstrua a “imagem de inimigo” que você criou sobre esta pessoa rotulando-a como “difícil de conversar”. Ela é um ser humano que busca cuidar de suas necessidades, assim como você.

2 - Observe sua intenção antes de conversar: ela é de conexão ou de controle?

3 - Esvazie o seu comentarista interno, o que você pensa não é fato observável.

4 - Saiba o que você quer e diga ao outro quais são as suas expectativas com esta conversa.

5 - Escute com intenção de compreender genuinamente o outro, seja curioso e mostre que você se importa com ele.

6 - Esqueça as palavras, concentre-se na autenticidade. Não existem regras prontas para uma boa conversa, o que vale é estar inteiro, aberto e vulnerável para o que vier.

7 - Fale sempre na primeira pessoa: como eu vejo, o que penso, o que eu espero, o que sinto, o que preciso. Qualquer sinal de acusação ao outro termina com a conexão.

8 - Seja breve, conciso e objetivo.

Lembre-se: você, líder, não precisa esgotar um assunto em uma única conversa. Dar espaço para processar o que foi dito, e retomar em outro momento, pode ser o melhor caminho!

Por Daniel M. Ely e Vivian Laube

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