ESTRATÉGIAS QUE TRANSFORMAM #05 - Alianças Estratégicas

O tema desse quinto artigo será sobre Alianças Estratégicas. E para falar sobre isto convidei o Juliano Prado. Ele é vice-presidente da Gerdau S.A., globalmente, CEO da Gerdau Next. Nos conhecemos em 2022 quando iniciamos conversas para a criação de uma nova empresa entre as duas organizações em que atuamos, Empresas Randon e Gerdau. Fruto disto, nasceu em Dez/22 a Addiante uma joint venture 50/50 com o objetivo de oferecer soluções de locação em veículos pesados. Gostaria de dividir com você um pouco da visão e experiência do Juliano com novos modelos de negócio e alianças estratégicas. 

O que mudou em relação à forma como as Alianças Estratégicas eram definidas no passado e como acontecem, hoje, em um contexto mais acelerado de transformação?

Se definimos alianças estratégicas como acordos mútuos entre empresas, em busca de cooperação ou potencialização de oportunidades de negócios, permanecendo como organizações independentes (não joint ventures ou aquisições parciais), percebemos nestes últimos anos transformações significativas na cultura das empresas com a diversificação das fontes de receitas, na inovação e experimentação com parcerias empreendedoras, em novas estruturas dedicadas ao alcance de novos segmentos, na criação de ecossistemas visando compartilhamento de recursos e tecnologia, e principalmente, na busca da proximidade e conhecimento dos seus clientes.

As alianças estratégicas tornaram-se mais flexíveis, no processo de desenvolvimento das soluções, no compartilhamento dos riscos e benefícios, na governança e controle sobre a parceria, além das métricas de acompanhamento das sinergias e processos de follow ups recorrentes para avaliar a eficácia de cada parceria.

A Gerdau Next já nasce sobre essa nova perspectiva. Quais foram os 3 principais desafios para conseguir implementar esse novo braço de modelos de negócio dentro de uma empresa com mais de 120 anos de história?

A Gerdau Next nasceu em julho de 2020 como o braço de novos negócios da Gerdau, desenvolvendo e gerenciando um portfólio de novas soluções, produtos e serviços complementares ao aço.

Aos 122 anos, a Gerdau é uma empresa ambidestra, capaz de operar no presente, ao mesmo tempo que olha para o futuro. Mesmo assim, decidir no início da jornada em quais verticais estratégicas atuar era um primeiro grande desafio da Gerdau Next. Nos perguntávamos: qual seria o nosso próximo futuro? Em quais segmentos de mercado deveríamos dar foco? Definimos nossas verticais e temos clareza, neste momento, da necessidade de incorporar novas empresas aos clusters de Construção, Mobilidade, Tecnologia e Sustentabilidade. Para tal, aprendemos e reaprendemos constantemente com nossos colaboradores e colaboradoras, com parceiros empreendedores externos, com analistas e investidores, com consultorias de mercado, com interações frequentes com nossos clientes e empresas parceiras.

Um segundo desafio relevante foi amplificar o fluxo de interação e engajamento com startups. Anualmente nos envolvemos com mais de 1550 startups, globalmente, por meio de programas de aceleração, avaliação de investimentos pela Gerdau Next Ventures, nossa Corporate Venture Capital, complementaridade na operação dos negócios, processos de M&A, participação em hubs e ecossistemas de inovação, entre outros. Acreditamos genuinamente na nossa capacidade de nos reinventarmos e de criar parcerias.

O empreendedorismo é fortemente incentivado. Sendo assim, ao longo da jornada temos constantemente revisado nossas estruturas, processos e sistemas visando mais agilidade e simplicidade, com empoderamento na tomada de decisão, comunicação mais fluida e transparente, quebra de barreiras e paradigmas que bloqueiam o fluxo de co-criação, e melhorias nos controles dos novos negócios.

Por fim, o mais importante, o desafio de envolver as pessoas de todas as operações de negócio da Gerdau e das áreas corporativas em busca do objetivo comum, de reforçar e crescer o negócio core, do aço, ao mesmo tempo que diversificamos nosso portfólio. Realizamos um alinhamento robusto, com todos os níveis da liderança, sobre nossa aspiração de impulsionar um crescimento ainda mais sustentável e eficiente dos países em que atuamos, em desenvolvimento com parceiros empreendedores. São múltiplas as interações com toda a organização, reforçando a visão, o propósito e pulso periódico de como estamos no processo de transformação.

O que é essencial, na sua opinião, aos líderes e executivos que orquestram a criação dessas novas alianças estratégicas e modelos de negócio?

O propósito da Gerdau é empoderar pessoas que constroem o futuro e vivenciamos isso no nosso dia a dia de trabalho. É essencial que tenhamos líderes que construam pontes de relacionamento e colaboração, internas e externas, que criem uma rede de networking externa com os principais líderes e agentes dos mercados do foco escolhido, com interações frequentes sobre as tendências, os riscos, os modelos de negócios, as oportunidades, os players que possuem fit com o business.

Também buscamos lideranças que sejam humildes para aprender e reaprender, que estimulem a diversidade e a inclusão em todos os aspectos, que sejam totalmente responsáveis pelo desenvolvimento dos seus times, soluções e scale up dos negócios, que tenham resiliência e auto-motivação, que busquem alianças com convergência estratégica e principalmente cultural.

Queremos trabalhar com pessoas que sejam intra-empreendedoras de negócios relevantes, que impactarão o bottom line da empresa consolidada, que sonhem grande com deals relevantes.

Uma frase de Juliano Prado para você

Nosso papel mais importante é de desenvolver pessoas que crescem simultaneamente com a evolução dos novos negócios e das alianças estratégicas.

Obrigado Juliano pela sua contribuição nessa série de artigos sobre Estratégias que Transformam!

Daniel Martin Ely