Antes de não confiar, confie!

Para trabalharmos em redes colaborativas, estruturas mais horizontais e, principalmente, potencializarmos a inovação através das pessoas e de suas interações é preciso revisitarmos a lógica tradicional que utilizamos no estabelecimento de desafios individuais e coletivos. Mais do que nunca, é crucial intensificar a relação de confiança entre nós, líderes, com as nossas equipes.

Por muito tempo, dominados por uma lógica de escassez, em um mundo menos acelerado e com uma evolução linear, procurávamos nos certificar ao máximo antes de propor novos desafios aos membros de nossas equipes. Isso não é mais possível em segmentos e mercados já em disrupção. Não há tempo para não confiar, ou certificar-se que tudo está 100% organizado, antes de se iniciar uma nova ação ou um projeto importante. Na hora de escolher as pessoas que irão liderar esses novos desafios a dica é: antes de não confiar, confie!

Em minha jornada como líder, eu sempre tive isso muito presente, mesmo antes desse novo contexto e das novas exigências. Inclusive, na terceira reflexão desta Série, eu escrevi sobre uma das técnicas que muito me ajudaram a oportunizar saltos quânticos de desenvolvimento aos profissionais de minhas equipes. O papel do líder deve ser o de construir uma narrativa comum, dar uma clareza de direção e realizar o alinhamento de propósitos. No final do dia, ser uma espécie de “rede de apoio”, em uma queda ou deslize dos seus liderados. Também deve inspirá-los a serem os melhores naquilo que estão se propondo a fazer.

Os erros e os deslizes poderão acontecer, mas deverão ser entendidos como aprendizados e, cada vez mais, se transformar em avanços futuros. O voto de confiança não pode mais ser tratado como uma exceção à regra. Pelo contrário, a regra vigente é a de que podemos e devemos confiar nas pessoas, em suas competências e na capacidade de entrega de projetos ou desafios. O resto será exceção, que sempre existirá e deverá ser tratada como tal. Mas nada além disso, simples assim!

Outro ponto que devemos prestar atenção é o de assegurar que os membros de nossas equipes também acreditem em si mesmos e em todo o seu potencial de fazer coisas diferentes. Sempre na mesma intensidade e forma com que confiamos neles. Acredito ser esse um dos maiores desafios para o líder. Todos nós, inclusive os membros de nossas equipes, fomos treinados e condicionados para o crescimento de forma mais incremental. Crescer exponencialmente exige sair de nossa zona de conforto, ter coragem, capacidade de “se jogar” e resiliência. Por isso, cada vez mais, é necessário confiarmos em nós e nas pessoas que estão ao nosso redor!

Seja qual for o desafio, não existe mais um caminho completamente seguro e que dê total garantia para o alcance dos resultados esperados. Existem sim, diferentes alternativas de caminhos e formas de como organizar essa jornada junto aos membros de nossas equipes. Para facilitar esse processo, todos precisamos saber e nos sentir seguros com a confiança que a nós é depositada, e com a confiança que nós depositamos em cada um!