ESTRATÉGIAS QUE TRANSFORMAM #11
ESTRATÉGIAS QUE TRANSFORMAM #11 - Conexão com Startups
Neste artigo, vamos conversar sobre conexão e relacionamento com startups como estratégia para acelerar a criação de novos modelos de negócio e processos de transformação cultural e digital de organizações mais tradicionais. Para esse tema não poderia deixar de convidar o meu amigo, entusiasta e especialista no tema Pedro Waengertner. Junto a ACE Ventures ele apoiou todo o movimento de aprendizado da Randoncorp, bem como, do Instituto Hélice de Inovação na Serra Gaúcha em suas primeiras conexões.
Pedro, você já está há algum tempo na estrada relacionada a criação, desenvolvimento, aceleração e investimentos em startups. O que evoluiu e mudou em relação a sua visão sobre o tema nos últimos anos?
O ecossistema empreendedor brasileiro evoluiu tremendamente nos últimos anos. Percebemos um grande amadurecimento por parte dos empreendedores e dos demais agentes. Uma prova disso é o número de startups que estão presentes em nossas vidas pessoais e corporativas. Socialmente, as startups se tornaram “pop” e diversos jovens almejam criar a sua, ao mesmo tempo que muito mais capital foi direcionado a essa classe de investimento. No que diz respeito ao investimento, surgiram um grande número de fundos e aceleradoras nos anos recentes. Além disso, novos programas de fomento, como aqueles capitaneados pelo Sebrae, apoiaram milhares de pessoas buscando criar a sua própria startup.
Certamente ainda temos bastante espaço para avançar, especialmente considerando a baixa participação de tecnologia no PIB Brasileiro, mas acredito que essa seja uma grande oportunidade para todos nós. É nessa tese que a ACE Ventures acredita. E por isso nos posicionamos como um dos “alimentadores” do topo do funil de startups no Brasil. Ainda temos muito a evoluir. Enquanto o volume de startups aumentaram 20 vezes nos últimos anos, o volume de fundos de investimento aumentou menos de 3 vezes.
Das últimas pesquisas e estudos da ACE sobre a conexão entre startups e organizações tidas mais tradicionais o que avançou e não avançou em relação às oportunidades que existem para ambos os lados?
Hoje dificilmente encontramos uma grande empresa que não trabalhe com startups. Este tipo de aproximação cresceu muito nos últimos anos. Acredito que ainda temos um longo caminho pela frente.
As startups se tornaram muito mais maduras nesse meio tempo, enquanto que algumas empresas já perseguem parcerias deste tipo há vários anos.
Do lado das startups, ainda faltam aquelas com um volume maior de faturamento. As relações ainda são bastante concentradas no early stage devido ao volume baixo de startups com receita e número de clientes maiores. Por outro lado, estamos vendo bastante movimentação em Corporate Venture Capital, com boa parte dos recursos das grandes empresas destinados a esse fim sendo investidos em negócios nesse estágio.
Quando analisamos as oportunidades das grandes empresas e seu nível de maturidade, o mercado ainda tem bastante espaço para evoluir, especialmente do ponto de vista estratégico.
A maior parte das abordagens ainda é predominantemente tático-operacional, como, por exemplo, encontrar uma startup para resolver determinado problema.
Algumas empresas, entretanto, estão integrando sua estratégia diretamente a execução de CVC e Open Innovation, com resultados muito interessantes.
Em nossos estudos, identificamos que um dos maiores gaps estratégicos é a visão ainda muito focada no curto prazo. Quando falamos de Venture Capital, enxergamos horizontes longos, como 8 a 10 anos. A maior parte das empresas ainda pensa no ano fiscal e trimestre atual, o que dificulta a elaboração de estratégias consistentes e construção de valor.
Você poderia citar um ou dois exemplos de estratégias bem sucedidas e de ganha-ganha nessa relação. Nos casos citados quais foram os fatores determinantes e críticos para você os considerar cases de sucesso?
Creio que a Randoncorp (sem qualquer favorecimento ao amigo) é um grande exemplo de empresa que avançou cobrindo todas as etapas de maturidade, percorrendo a maioria dos estágios de relacionamento e aprendendo a cada etapa. Começou com foco operacional e foi evoluindo para investimento, com a Randon Ventures e estratégias avançadas de Open Innovation, com joint-ventures como a Addiante, realizada em conjunto com a Gerdau. Para mim, o mérito foi o constante aprendizado e vontade de fazer, especialmente da alta liderança, buscando parceiros para acelerar a curva de aprendizado.
A Locaweb foi outra empresa que utilizou o M&A de startups para alavancar seu crescimento após o IPO. Definiu áreas-chave para o crescimento e perseguiu aquisições estratégicas em cada uma dessas áreas, privilegiando alinhamento cultural e de incentivos com os empreendedores.
O BTG Pactual Patual é outro caso interessante. Em meio a pesados investimentos imobiliários no setor bancário, com espaços físicos, decidiu ir na contramão e privilegiar negócios feitos entre o banco e os empreendedores. O Boostlab foi idealizado como um programa leve e focado em gerar valor ao longo de seis meses de interação. Ao longo do programa já foram feitos negócios entre o banco e as startups participantes em mais de 70% das que passaram por lá. Também foi premiado internacionalmente.
Uma frase de Pedro Waengertner para você
O mercado de tecnologia Brasileiro ainda está em sua infância, mas veio para ficar e se tornará, cada vez mais, relevante ao longo dos próximos anos. A maior parte das empresas deveria abraçar essa tendência com bastante disciplina, correndo o risco de se tornar irrelevante.
Muito obrigadro Pedro pela sua contribuição na Série: Estratégias que Transformam! Você e toda a equipe da ACE Ventures sempre foram especiais em meu desenvolvimento pessoal, bem como, das organizações onde atuamos em parceria.
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