Artigo #04
OS DILEMAS DE UM LÍDER #04 - Como evoluir de gestor para líder!
Um dos maiores desafios no mundo organizacional é a transformação de bons gestores, também conhecidos como “chefes”, em líderes. São anos e décadas onde você, como eu, desenvolvemos uma série de competências voltadas a gestão de pessoas e de negócios em ambientes estáveis, previsíveis e controláveis. Que exigiu de você muito mais o papel de gestor do que a sua competência e capacidade de liderar. De, por exemplo, inspirar pessoas e orquestrar movimentos sustentáveis em ambientes nada estáveis, nada previsíveis e não controláveis. Nesse dilema, discorro sobre dois movimentos essenciais para permitir que essa evolução ocorra e também seja percebida pelos membros de sua equipe, pares e superiores.
O primeiro movimento está 100% em suas mãos. Está ao seu alcance. O segundo, porém já não depende apenas de você, mas tem como pré-requisito o seu movimento anterior.
Ato 1 - O movimento individual
Somente a você cabe o movimento de indignação com o seu status quo de gestor. De mudar a sua forma de pensar e agir. Independente se o ambiente é favorável e solicite, ou não, esse movimento. Exigirá um nível de autoconsciência muito grande sobre os comportamentos e competências que você precisa desenvolver para desencadear algo diferente. E a partir daí, consolidar uma nova atuação que o permitirá avançar de gestor para líder.
Por onde começar esse movimento? Eleja 3 a 4 pessoas e pergunte a elas sobre como percebem a sua forma de operar. Escolha, entre eles, membros de sua equipe, pares e superiores. Ouça cada um deles com o seu coração. Não se justifique ao longo da conversa, apenas a utilize como exercício de escuta para aumentar a sua autoconsciência. Ao final você compreenderá quais são os principais atributos já cristalizados em sua reputação que conversam, ou não, com o novo desafio da liderança.
Na sequência, faça algo concreto com tudo, ou parte, do que você ouviu. A autoconsciência precisa ser transformada em novos comportamentos, competências e estratégias em seu dia-a-dia. Para introduzi-las, pratique o desapego e exclua do seu repertório, os comportamentos e competências não mais alinhadas a atuação de um líder. A diferença entre chefe e líder não é apenas uma questão de semântica. Existe um abismo na forma de atuar de ambos. Se você ainda não reconhece essas diferenças pode estar aqui o seu primeiro passo!
A autoconsciência precisa ser transformada em novos comportamentos, competências e estratégias em seu dia-a-dia.
Ato 2 - O movimento coletivo
O primeiro movimento (você), é pré-requisito do segundo. Nele você se soma a outros colegas para que um movimento coletivo de aprendizado e transformação ocorram. Caso isto não aconteça, a sua empresa e você continuarão inertes ao futuro que precisa ser construído. Um ciclo vicioso pode se instaurar e levar a sua organização ao óbito. E um dos primeiros sinais é a “falência múltipla dos órgãos”, nesse contexto, traduzida pela contínua saída da empresa de pessoas que, juntamente a você, poderiam estar liderando essa transformação.
Dessa forma, orquestrar para que outros bons gestores façam essa jornada passa a ser uma atribuição sua, como líder. Existe nessa ação uma necessidade de maior cooperação e coexistência entre as suas ações de desenvolvimento e a de outros líderes. Nesse processo a figura do chefe mito ou chefe herói é desconstruída e outras competências coletivas entram em cena!
A diferença entre chefe e líder não é apenas uma questão de semântica. Existe um abismo na forma de atuar de ambos. Se você ainda não reconhece essas diferenças pode estar aqui o seu primeiro passo!
Todo esse esforço de se reorganizar para desenvolver soft skills de liderança não será nada trivial. Exigirá uma nova agenda que no artigo "Liberte-se para Liderar!" eu aprofundo. Não poderá ser delegado. Será, inclusive, uma de suas principais novas atribuições como líder. Irá requerer foco, cuidado, atenção e tempo ao outro. Ou você acredita que, por exemplo, inspirar pessoas e movimentos (uma das novas competências) se faz da mesma forma como você aprendeu a comandar e controlar pessoas e processos?
Por fim, ao longo desse movimento coletivo você também precisa se certificar que a mudança de sua reputação, de chefe para líder, está sendo percebida. E essa confirmação virá, antes de tudo, dos membros de sua equipe! São eles que irão validar se os seus novos comportamentos e competências fazem sentido para o desenvolvimento deles, bem como, da organização. Reitero, será impossível evoluir de chefe para líder sem ações reconhecidas. Sem que você consiga gerar valor e significado as pessoas que estão a sua volta.
Fica claro que esses dois movimentos (o individual e o com o coletivo) requerem algo em comum: a sua mudança! Você precisa acreditar que isto, antes de tudo, é o melhor que você tem a fazer pelo seu próprio crescimento! Depois tudo passa a ser consequência ou desdobramento dessa sua corajosa decisão de mudar!
Resumo das dicas sobre o dilema:
1 - Indigne-se com o seu status quo de gestor;
2 - Busque a sua evolução de gestor para líder, independente do seu contexto solicitar, ou não.
3 - Faça uma escuta 360 graus com 3 a 4 pessoas para aumentar a sua autoconsciência sobre o que mudar;
4 - Parta para a ação! Transforme a sua autoconsciência em novos comportamentos, competências e estratégias;
5 - Utilize o movimento coletivo de transformação para se desenvolver em novas competências, entre elas o de transformar outros gestores em líderes;
6 - Invista no desenvolvimento das soft skills da liderança;
7 - Liberte-se para liderar! Crie uma nova agenda de prioridades;
8 - Tenha foco, cuidado, atenção e tempo ao outro;
9 - Assegure-se que a sua mudança também esteja sendo percebida e adicionando valor as pessoas que estão a sua volta.
Daniel M. Ely
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