Vulnerabilidade e Liderança
A vulnerabilidade na liderança
Nos últimos anos venho enfatizando, de forma até repetitiva, esse tema nos artigos e materiais que eu publico em minhas redes sociais. Aqui estou, novamente, escrevendo sobre vulnerabilidade. Agora, por uma outra perspectiva. E por que isto? Pelo simples motivo de que a prática da vulnerabilidade será fundamental para qualquer bom gestor se tornar um líder mais conectado, aceito e admirado pelas pessoas!
Na perspectiva anterior, tratei o tema pela ótica de o quanto a vulnerabilidade nos fortalece ao invés de nos enfraquecer. O quanto ela me libertou e me tornou “mais leve” no exercício da liderança. Também o quão desafiador e desconfortável é, quando você se coloca vulnerável perante o que não conhece ou domina. É libertador, mas, ao mesmo tempo, exige um desnudar-se perante a tudo que você, até então, aprendeu ser o correto!
Como executivo, você e eu fomos ensinados a ser protagonistas. Nada de errado nisto, apenas na dosagem e forma como isto ocorreu! Muitas vezes, associando o protagonismo a figura do herói. Do líder herói, que tem verdadeira aversão às exposições pessoais e emocionais. Que tem a necessidade de se mostrar perfeito para a sua equipe. Onde se expor não é uma opção, pois demonstra a sua fragilidade, dúvidas, medos e incertezas.
Exercer o protagonismo é diferente de querer ser sempre o protagonista!
Essa sua cobrança e do ambiente pelo líder herói, acabou por o deixar menos curioso e inquieto em relação a tudo o que esta acontecendo. Menos criativo e ousado na proposição de soluções mais inovadoras. Deixando com que o medo de errar, de se expor o coloque em um outro tipo de zona de conforto. Aquela em que você prefere mater o que lhe trouxe até aqui e, assim, o deixe pouco aberto a uma radical mudança do seu estilo de liderança.
Acredite, você não precisa mais da figura do líder herói em sua organização! Tampouco de membros de equipe heroicos. Pelo contrário, se você ou a sua organização continuar cultuando o mito do herói irá destruir qualquer possibilidade de criar uma cultura de inovação robusta. Adequada aos novos desafios de mundo, tecnologias e comportamentos. Em nada você irá apoiar a sua empresa no alcance de resultados sustentáveis se você não começar a praticar a sua vulnerabilidade.
Ao persistir no modelo atual você será um inibidor ao invés de um catalisador da maior potência, capacidade, autonomia e criatividade individual e coletiva. Acabará sendo vítima de você mesmo!
Cresci e me desenvolvi em organizações que sempre cultuaram o mito do herói. Por isto, também aprendi a me comportar como um deles. Mais do que isto, queria ser um deles! Parte inflado pelo meu ego ou vaidade e a outra parte por entender que esse era um dos caminhos mais rápidos de crescimento e valorização no ambiente organizacional. Eis que apenas próximo de completar os meus 42 anos, é que comecei a entender o quão equivocado eu estava neste pensamento. E o quão difícil seria eu tentar operar de forma diferente em organizações mais tradicionais. Empresas que ainda não compreenderem que esse é um aspecto de cultura que precisa ser modificado imediatamente!
Coloque-se com menor frequência no “modo herói” e com maior frequência no “modo aprendiz e facilitador”.
E é nesse momento que você pode, junto a outras lideranças, ser um dos protagonistas na transformação desse traço de cultura. Pratique a sua vulnerabilidade! Sirva de exemplo para que outros também o façam. Com isto, você aumentará exponencialmente as suas conexões e suas relações de confiança. Criará um ambiente seguro para experimentação, para o erro e para o compartilhamento do protagonismo. Com isto, um modelo sustentável e útil de liderança emergirá!
Daniel M. Ely
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